Os 6 Pontos da Arquitetura Orgânica de Frank Lloyd Wright
O objetivo aqui é apresentar os princípios nos quais se fundamentou o organicismo wrightiano, com base na publicação de Ana Tagliari. De acordo com a autora, seis princípios básicos nortearam a obra residencial do arquiteto. Estes princípios, segundo ela, foram sintetizados pelo próprio Wright na publicação “The Natural House” (1954). São eles:
Integridade:
Residência George Sturges, 1939. Integração entre os elementos e o repouso sobre a paisagem. Fonte: http://www.archdaily.com.br |
Para Wright, a integridade em arquitetura acontece a partir da integração entre as partes originando um todo, uma unidade indivisível. Tal princípio diz respeito tanto à relação entre os elementos próprios do edifício quanto à relação entre a edificação e o entorno. Portanto, o edifício íntegro é aquele onde cada elemento (paredes, janelas, estruturas) é concebido simultaneamente e tem igual importância para o todo e, ao mesmo tempo, repousa sobre a paisagem e dela passa a fazer parte. As residências do arquiteto apresentavam, também, uma profunda integração entre os ambientes externo e interno.
Continuidade:
Residência Frederick C. Robie, 1906. Detalhe da continuidade formal (física) dos elementos. Fonte: http://www.archdaily.com.br |
Wright aponta em seus escritos dois tipos de continuidade: espacial e física. A primeira é definida pela integração dos espaços internos e externos, segundo a teoria da “destruição da caixa”. De acordo com Tagliari, o arquiteto tinha clara intenção de fazer uma planta livre e contínua, na qual não existiriam rigorosas interrupções entre os espaços internos ou externos. Deste modo, a residência wrightiana elimina a ideia de cômodos pensados como caixas ao lado de caixas, onde severas paredes delimitam a função doméstica de cada ambiente. A segunda diz respeito à continuidade formal da edificação, na qual os elementos estéticos e estruturais se fundem de modo a formar uma unidade indivisível. Graças a isso, não existe uma quebra entre as fachadas, mas sim uma continuidade entre elas, como se constituissem um mesmo plano.
Plasticidade:
Residência Stanley Rosenbaum, 1939. Integração e continuidade. Fonte: http://www.earthhealing.info/dailyjune07.htm |
Assim o arquiteto denomina a fusão visual entre os elementos. Ana Tagliari explica que plasticidade é a nossa percepção ao observar a forma da casa; no caso da residência wrightiana, ela afirma que plasticidade “deve ser vista como uma expressão de continuidade e integridade”, concluindo assim que a fusão entre ornamentos e os demais elementos da edificação a torna plasticamente contínua, onde as partes estão integradas como um todo.
Natureza dos Materiais:
O uso adequado dos materiais significa honestidade. Wright defendia o uso dos materiais de modo a ressaltar suas propriedades naturais, o que, de acordo com Tagliari, determina a volumetria e a proporção do edifício orgânico. Portanto, o termo natureza se refere ao padrão natural e inerente do material. O arquiteto presava pelo uso dos materiais naturais (pedra, madeira e tijolo), mas também reconhecia as possibilidades dos industrializados (como o aço e o vidro).
Gramática:
Dada a relação entre todos os elementos do edifício, esses devem “falar” a mesma língua, constituindo um discurso materializado na forma do edifício.
Simplicidade:
Segundo Tagliari, esta é a característica essencial da arquitetura orgânica. Significa a abolição de qualquer elemento docorativo aplicado posteriormente, ou que não faça parte da gramática da edificação. Mas, para Wright, isso não quer dizer que simplicidade seja sinônimo de planificação total. O arquiteto acreditava que se deve saber retirar todo o potencial da natureza do material, concebendo assim um edifício simples.
O conhecimento dos princípios wrightianos para a arquitetura orgânica nos permite perceber a preocupação do arquiteto em relação ao indivíduo e ambiente. Em tempos nos quais tanto se fala em sustentabilidade, tais princípios, devidamente aplicados ao contexto, se revelam como uma boa opção para a arquitetura brasileira atual – a exemplo de Vilanova Artigas, que recorreu ao organicismo wrightiano na década de 1940, momento em que o modernismo corbusiano era realidade para poucos brasileiros (ARANTES, 2002).
Casa Rio Branco Paranhos, Artigas, 1943. O uso do tijolo possibilitava um custo menor que o do concreto armado. Fonte: http:www.g-arquitetura.com.br/1943.html |
Trazer a qualidade para o indivíduo e uma inserção adequada da arquitetura ao meio é (ou deveria ser) a função primordial do arquiteto. É por isso que devemos prestar atenção em Frank Lloyd Wright e sua arquitetura. Prezando pelo espaço em que vivemos, que é o vazio entre os elementos construídos, é que fugimos de uma arquitetura vazia.
Texto "Frank Lloyd Wright - Os princípios de sua Arquitetura Orgânica". Disponível em: <http://www.arquitetonico.ufsc.br/frank-lloyd-wright>, acessado em 27 de outubro de 2013.
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